segunda-feira, outubro 30, 2006

O Orgulho

Bom dia orgulho!
Sei que estás pra cá como estou pra lá.
Não é?
Minhas honras ofereço a ti senhor.
Já que não posso tê-lo conviverei contigo.

Soube certo dia, que acolhes os afortunados e rejeitas os malditos.
Soube certo dia, que colhes os egos e traz castelos à ruína.
Talvez soubesse mais se o senhor não exitasse em me ter como cúmplice.
Talvez não sofresse tanto se não o quisesse.
Quem se importa?

Ontem, preso em meus sonhos frios e enervantes, nos quais preso fico por não te ter.
Vi com a clareza de um cristal de gelo, o que sempre soube.
Vi talvez mais por fraqueza do que clareza as imagens da minha incerteza, na qual não há tristeza que explique esta minha avareza.
Vi em meus sonhos você, que ia embora a cavalo com seu escudo prateado esperando para rir.
Rira de mim, pois em minha impotência de acompanhar-te, vinha seu prazer em meu amar-te.

Acordado, com as pálpebras mais dilatadas à escuridão e o suor gélido que dava tons e mais tons, vi um vulto ao lusco-fusco de minha confusão.
Será que és tu?
Minha cabeça doía e meus sentimentos afloravam à medida que meus olhos se fechavam.
E o medo de não te ter logo me assustava.
Ó orgulho! Porque me acompanhas sem me avisar?
Porque me deixas assim chorar?
Porque me assustas sempre que penso que estás a me acompanhar?

Uma voz então me acometeu logo ao amanhecer do dia:
“não crês que esteja perto, e tens medo que esteja longe”
“não temes a morte pois não crê na vida”
“pois eu pergunto-te agora então”
“será que deste sonho nunca vais acordar?”

sexta-feira, outubro 20, 2006

Reflexões de um Velho Homem

Posso dizer que já gostei de gostar, porém, sempre tão vago quanto sempre. Amor, paixão, dor e ciúmes, entre o frio da ausência e o calor da presença, sempre soube que não era a utopia chamada amor que me fazia respirar.
Protagonista de uma vida sem vergonha, porém recatada, não tão curta mas quase um feto diante do mundo, creio muito no próximo, quando na verdade o mesmo nem sequer sabe quem sou. Adornos e aplausos, que não exito em ceder, são sempre suados de se receber, talvez não os mereça, ou talvez o orgulho dos joelhos seja maior do que o ato em si.
Falso sou comigo. Escrevo sobre o amor, dizendo não saber amar, e calo meu ego com a modéstia. Mas afinal o que é a modéstia se não um amontoado de auto-hipocrisia. Se digo que sou falso comigo, posso afirmar que sou modesto, um modesto que gosta de ganhar elogios.

Escrever sem tema é começar sem nome e terminar com sono.

Assim sempre fui, um falastrão que acha que sabe alguma coisa, um medíocre que demonstra não ser. Talvez seja culpa dessas malditas máquinas que não param de gemer na rua, mas esse, infelizmente é meu defeito mor, botar a culpa no mundo quando o culpado na verdade sou eu.

Chega de malícia, não agüento mais minha hipocrisia, já tentei buscar significado, mas não achei.

Na hora que me foi dada a chance de partir. Resolvi ficar. Apoiei-me nas bases mais falsas do meu caráter dizendo que não podia ir, pois era forte e importante pra alguém.

A quem eu tento enganar? Só sei me inspirar, não sei criar só.

A verdade é que eu ocupo lugar no mundo. Vem você! É você mesmo... pode vir que eu te dou a vez... Não sei se sei aproveitar a chance que me foi dada.

Eu vivo num mundo dos homens, mas sinto vontade de comer carne crua, de matar com as mãos nuas e ver sangue manchando meus pés.

Sei que pensas assim também, não negue que é um animal. Você já quis matar alguém?

Papai me criou bem. Mamãe já me deu tapas. E eu nunca tive uma pipa.

Olha só quem vem falar de orgulho dos joelhos? ESCROQUE! ENERGUMENO!

Às vezes eu acerto minha própria cabeça pra ver se dela sai alguma coisa que não seja puro lixo. E às vezes me frustro.

quinta-feira, outubro 19, 2006

O nada escreve pra nada

Hoje...

Não sinto mais o gosto da alegria...

Durava tanto... tanto...

É a morte da minha imagem que ecoa na cabeça desocupada, de quem só está... e não é...

Para de mentir, dizer que importo, é doloroso de se ouvir...


Tá frio, fecha a porta, não abre.